quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Versão brasileira: Herbert Richers



Semana passada foi anunciada a morte de Herbert Richers. Se veio à sua mente algum filme da Sessão da Tarde, é isso mesmo. Trata-se do maior dublador de todos os tempos, de todos os filmes da Globo e dos seriados Japoneses da Manchete. Mas o que ninguém sabe é da história desse mito da comunicação mundial, quiçá intergalática. Vejamos então a saga desse campeão.

O sonho do pequeno Herbie sempre foi ser um Dublador, mas na época de seu nascimento ainda não tinha sido inventada a TV. Assim, começou na arte do ventriloquismo e tradução de textos Bíblicos e dos filósofos pré-socráticos, tendo aprendido ainda na infância, 1.417 idiomas, 13.129 dialetos e todas as gírias ocidentais, incluindo os idiomas extintos, sendo atribuído ao mesmo a invenção de 31 idiomas e a modernização do latim.

Partiu então para a Dublagem na Rádio. Se você acha que a primeira vez que ouviu o famoso bordão na Sessão da Tarde, quando pequeno, não se iluda. Desde o tempo das radionovelas, a versão brasileira é Herbert Richers.

Quando surgiu o cinema, Herbert começou a Dublar o cinema mudo, fazendo as vozes, enquanto apareciam as imagens. De uma versatilidade única, Herbert dublava todos os diálogos de filmes, sem esquecer das radionovelas, onde também fazia os efeitos de som, como chuva, relâmpagos, beijos, fundo musical, choro de criança, vozes de animais, eletrodomésticos, enfim, qualquer coisa que emitisse som. Quando surgiu o cinema falado, lá estava ele, no primeiro filme, dublando para o português e mais 710 idiomas.

Com o desenvolvimento da indústria cinematográfica, Herbert construiu um verdadeiro império da dublagem, dominando 100% do mercado nacional (você acha que a Álamo era de quem? Sim, dele mesmo!). Dublando todos os filmes para o português e as novelas da globo para as demais línguas mundiais. Meu avô se impressionava ao ouvir seu nome e várias vezes me perguntou: “esse cara trabalha em todos os filmes? Deve ganhar muito dinheiro” *coçando o bigode*

Algumas façanhas do nosso mito, que só ele poderia ter criado: Antes, só pra ter uma ideia, lembre-se que ele dublou Chaves! Carrossel, A Usurpadora e todas as Marias de Thalia!!!

Ótimas traduções do inglês, como Fuck You por Vá se Danar e Shit por Droga!, além de cunhar expressões traduzidas como “vou aí e dou um chute no seu traseiro”, “seu cretino de uma figa”, “você me paga” e “sei de coisas que você não sabe”, entre outras.

Traduções do português para o inglês dos bordões de personagens de novelas globais, como “no, isn’t a toy” (né brinquedo não); I’m right or I’m wrong (to certo ou to errado, balançando o relógio) e mais recentemente, It’s the darkness! (é a treva).

Programou o Google Translate e o Power Translator Pro

Foi ele quem dublou a Lagoa Azul (o primeiro!!), bem como todos os filmes da sessão da tarde, cinema em casa, cine aventura e outros que nem lembro. Todos os seriados americanos exibidos no Brasil. E Desenhos animados.

Fez as Dublagens dos Jogos de Futebol do videogame Supernitendo da década de 90(quem não lembra do Ronaldinho Soccer e Campeonato Brasileiro), cunhando expressões como “saque do goleiro”, “grande jogada”, “cartão amarelo”, entre tantas outras que permearam nossa infância.

Dublou (dublava) o Lula nas conferências internacionais.

É pai de Hans Donner.

Dublou o julgamento de Saddan Hussein, a morte da princesa Diana e a primeira vitória de Ayrton Senna (Galvão Bueno perdeu a voz no dia), bem como o milésimo gol de Pelé, o nascimento de Sacha e o policial que efetuou a prisão do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto.

Certamente uma figura da história que não pode ser esquecida. Um mito, estamos de luto.

Versão brasileira: Herbert Richers. Nossa homenagem.

domingo, 15 de novembro de 2009

Uniban Revolutions


Legenda: estudante da Uniban pegando uma praia.

Impressionante a repercussão do "caso Geisy (é assim que se escreve?)", ocorrido na Uniban. Um grupo de alunos tirou uma onda com uma aluna com um vestidinho curto (uma aluna feia, diga-se, só é bonita no Casseta e Planeta). Essa "onda" deu polícia, causou o maior problema no local e foi para no youtube. Daí, como não tinha caído nenhum avião, nenhum escândalo recente estourado na política, nenhuma separação de artistas, nenhuma novela no último capítulo, ou seja: falta de informação para a nossa louvável imprensa, o assunto tomou todos os meios de comunicação em massa, com direito a opiniões de especialistas e 28 entrevistas da estudante *estudante? sou um brincalhão, sei disso* de "nem-sei-qual-curso" (isso ficou em segundo plano).
Extremamente relevante o assunto: uma moça *brinquei de novo* que é "hostilizada" por usar um vestido curto, toma conta de todos os jornais impressos e expressos do Brasil!
Incrível a seriedade da imprensa brasileira ao retratar o caso e do próprio pessoal da univesidade, que tomou a sábia decisão de expulsar a aluna. A emenda pior do que o soneto, como diria o poeta.
Mas o que impressiona é a reação dos aluno da universidade em achar absurda a vestimenta da futura coelhinha da playboy. Ora, este que vos escreve passou pela universidade (passei, passei) e já viu coisas piores (dependendo do ponto de vista, escrevo pior aqui em sentido de mais contundente). Consumo de drogas, sexo no campus, roupas muito mais "provocantes", entre tantas outras coisas, que são normais ou comuns num campus universitário. Não tenho nenhuma dúvida de que na Uniban seja a mesma coisa.
A universidade, embora tenha pessoas de todos os tipos e idade, é basicamente um reduto de jovens, pessoas de vanguarda, berço de revolucionários. O que mais intriga nesse episódio não é a posição da mídia oportunista, ou da própria Geisy, que aproveitou seus minutos de fama para se promover e ganhar uns trocado de indenização pelos "danos morais"sofridos e outros tantos trocados pela capa da Revista Sexy (sem falar no look novo). O que mais é estranho é a postura dos alunos da universidade diante da "roupa" de Geisy. Estranho aos ocidentais? Diferente do que vemos na nossa mídia? Mais escandaloso do que a banheira do Gugu, as "pegadinhas picantes" ou mesmo algumas cenas das novelas? A bunda dela é muito diferente da que Carla Perez esfregava todo domingo na nossa tela?
A esculhambação que virou nossa mídia, dominada pelo eixo do mal (leia-se Globo) e seus aprendizes (leia-se Record) aparentemente não chegou à Uniban. Parece que a promiscuidade sexual que tomou conta da TV, internet e literatura brasileira não chegou por lá. Só assim se escandalizar com a roupa da distinça senhorita *brinquei mais uma vez*, que nem é essa coisa toda. Já peguei melhores *brinco muito* e já vi muito melhores na universidade. Se ela for a melhor da Uniban, pra causar esse estardalhaço todo, é melhor fechar a instituição.

Serão tempos modernos? Apocalipse que se aproxima? Ou tão somente um falso moralismo que embaça a visão da verdadeira promiscuidade verificada nas universidades, no senado federal, na Globo, na Record, nas nossas casas e em nós mesmo? Devemos obrigar nossas mulheres a usar burca? Ou tirar as roupas delas em horário nobre na TV? Se for, que seja gostosa. Às vezes a burca é a melhor opção.

Viva a democracia!!